31/10/2022 05h10
Cientistas alertam sobre estudos que ligam álcool a benefícios para saúde cw1y
Já é senso comum acreditar que o consumo de uma taça de vinho por dia pode ser benéfico para o coração. Essa informação, que une o útil ao agradável, tem como base estudos que apontaram possÃveis vantagens da bebida para a saúde cardÃaca - e não são raros os trabalhos cientÃficos que tentam avaliar se há algum efeito positivo do álcool para o nosso organismo. Mas será que dá para confiar nessas pesquisas?
Entre especialistas, há consenso de que provar definitivamente efeitos positivos da bebida para o organismo, sobretudo diante dos graves riscos da substância, é algo distante. No inÃcio do ano, a Federação Mundial de Cardiologia divulgou documento em que alerta não haver nÃvel seguro de álcool para o coração.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o consumo nocivo de álcool é fator causal de mais de 200 doenças e lesões. Além disso, está por trás de mais de 3 milhões de mortes por ano no mundo, além de efeitos sociais e ligados à violência.
Estudos experimentais que destacam possÃveis benefÃcios apontam ação antioxidante, redução da resistência à insulina e diminuição do LDL, o colesterol ruim. Alguns sugerem até algum efeito benéfico contra o surgimento de demências.
Especialistas ouvidos pelo Estadão, porém, fazem ressalvas. "Há outras moléculas antioxidantes; por exemplo. Sabemos que a vitamina C tem esse efeito, mas não dá para dizer que tudo se resolve com acerola", diz William Peres, professor da área de ciências quÃmicas e farmacêuticas da Universidade Federal de Pelotas.
Parte dos estudos, dizem os cientistas, é preliminar, com poucos participantes ou até mesmo incluÃram testes só com animais. Há ainda um problema comum que envolve a metodologia: é possÃvel que outros hábitos do grupo pesquisado, e não o uso de álcool, sejam responsáveis pelo efeito protetivo ou positivo.
"Como cardiologista, nunca posso sugerir beber para ter efeito benéfico", afirma Fábio Fernandes, da Sociedade Brasileira de Cardiologia e diretor de miocardiopatias do Instituto do Coração (Incor), que destaca ainda o peso da genética. "As pessoas metabolizam o álcool de modos diferentes. Um paciente diabético ou com nÃveis de triglicérides altos terá alterações metabólicas importantes."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo